AJOC saúda subida de posições no ranking dos RSF mas alerta para a necessidade de “correção do rumo”

A AJOC congratulou-se com a subida de três posições de Cabo Verde no ranking mundial dos RSF, alertando, no entanto, para a necessidade de “correção do rumo” para que o país possa atingir Top 3 africano.

A afirmação foi feita pelo presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), Geremias Furtado, durante a II edição da Gala Liberdade de Imprensa, realizada na quarta-feira, dia 03, na Assembleia Nacional, que contou com as actuações de Zé Rui de Pina, Luna Cruz, Ló de Pina, George Tavares, Mindela Soares, Manel di Candinho, Braz de Andrade e Zul Alves.

Segundo o presidente da AJOC, a celebração de 03 de Maio é também uma oportunidade de relembrar aos governantes a necessidade de respeitarem os seus compromissos no que toca a Constituição e às leis do País a favor da liberdade de imprensa, salientando que a efeméride deve ser igualmente uma jornada de reflexão para os profissionais da comunicação social sobre questões relativas à liberdade de imprensa e ética profissional.

Considerou que 2022 foi “deveras difícil” para a comunicação social em Cabo Verde, tendo neste sentido sublinhado que o relatório da liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicado na quarta-feira, 03,  “reflecte bem esta realidade” vivida no arquipélago.

Congratulou-se com a subida de três posições de Cabo Verde no referido ranking, frisando, entretanto, que é preciso que o País continue a trabalhar para melhorar o cenário a nível do continente africano e da lusofonia.

“Felizmente hoje estamos a celebrar o retorno da subida do ranking. Estamos três pontos mais livres do que no ano passado, Cabo Verde está retomando o seu lugar num indicador que era extraordinariamente bem cotado a nível do continente africano no geral em da lusofonia em particular”, afirmou.

Apontou, contudo, que a descida de posições no relatório de liberdade de imprensa dos RSF de países como Angola e Portugal não deve servir de consolo para Cabo Verde, pelo contrário, sublinhou, o arquipélago tem rapidamente de corrigir o rumo para que no próximo ano possa celebrar o Top 3 a nível de África.

Reiterou, por outro lado que os últimos acontecimentos são motivo de “grandes preocupações” para a liberdade de imprensa e para a saúde da democracia em Cabo Verde, lembrando a situação envolvendo o Ministério Público, que esteve numa “verdadeira cruzada contra jornalistas e órgãos da comunicação social”, representando uma “ameaça real” com “tentativa de intimidação, coação de imprensa e limitação da sua capacidade de investigação” de casos de poderes.

Destacou ainda o caminho trilhado pelos profissionais da comunicação social em Cabo Verde no decorrer dos anos, afiançando que a AJOC estará sempre pronta para defender as conquistas dos mesmos.

Criticou ainda a pressão exercida sobre a comunicação social em Cabo Verde, destacando situações em que a Inforpress recebeu um prazo de menos de 24 horas de prazo para disponibilizar as gravações de uma entrevista feita a Amadeu Oliveira e a demissão de um jornalista da Inforpress, entre outros.

Defendeu ainda que os jornalistas e equiparados devem ter condições adequadas para que os meios de comunicação possam operar de forma independente e sem interferência política ou económica, garantindo neste quadro que a AJOC estará sempre disponível para lutar pelos direitos da classe.

Cabo Verde subiu três posições no índice da liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), ou seja, da anterior 36.ª posição, encontra-se agora na 33.ª.

Fonte: Inforpress